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Mulheres ocupam tribuna da Câmara

por Anete — publicado 10/03/2020 19h05, última modificação 10/03/2020 19h44

 

Para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, e por iniciativa da Ouvidoria da Mulher, com apoio dos demais vereadores,  a Câmara de Cachoeiro abriu espaço para que a tribuna seja ocupada por mulheres para esclarecerem sobre a luta histórica por igualdade.  Renata Fiório, única parlamentar da Casa, presidiu os trabalhos nas duas últimas sessões.

 

A primeira convidada a ocupar o espaço foi Jéssica Blunck Grillo, Especialista em História e Cultura Afro-brasileira, Pedagoga, assessora da Escola do Legislativo, coordenadora de Formação no núcleo de Cachoeiro do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) e Militante do Movimento Negro Unificado (MNU), além de coordenadora de Articulação Comunitária da União Cachoeirense de Mulheres.

 

Ela abordou em sua fala as desigualdades enfrentadas no mercado de trabalho pelas mulheres negras. “Eu poderia passar a tarde citando muitas mulheres que fizeram e fazem parte da história, aquelas que construíram esse país, esta cidade. Faltaria espaço, pois muitas delas foram invisibilizadas pela cor da pele ou classe social”.

 

Destacou que ela, em especial, não luta pelo direito de trabalhar porque as mulheres negras sempre trabalharam, seja como escravas ou como domésticas sem nenhum direito trabalhista. “Eu e outras mulheres lutamos para ocupar espaços que há uma geração ninguém sonhava em ocupar. Eu luto para ser reconhecida como mulher e não como um corpo a serviço do entretenimento do outro”. Enfatizou ainda que as mulheres negras são a base da pirâmide sociorracial no Brasil e as que recebem os menores salários.

 

Jéssica Blunck diz que o Dia Internacional da Mulher ainda não é para ser comemorado porque faltam políticas públicas, acesso às mesmas oportunidades e respeito. “Muitas já morreram pela defesa de direitos. E infelizmente precisamos continuar lutando. Ser mulher é um ato político. Aprendi com a ativista e escritora Angela Davis que quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela. Então vamos continuar a luta que muitas iniciaram’.

 

A vereadora Renata Fiório ressaltou a importância dessa fala, já que a mulher ainda tem que lutar muito pelo seu espaço na sociedade. “ Temos que fazer o dobro do esforço para que nos reconheçam, mas estamos dispostas a superar todos os obstáculos como outras mulheres já fizeram ao longo dos séculos e nós vamos continuar fazendo. Nós merecemos respeito”.

 

Alexon Soares Cipriano, presidente da Câmara, afirmou que a Casa de Leis cachoeirense se orgulha de abrir espaço para que as mulheres possam apresentar um pouco da história de luta. “ Os vereadores aprovaram por unanimidade a criação da Ouvidoria da Mulher por entenderem a importância desse espaço, num tempo em que o feminicídio é crescente e assustador. Nossas portas continuam de portas abertas”.