Câmara recebe audiência pública da Comissão de Segurança da Ales e debate falta de efetivo nas corporações

A Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim recebeu nesta quinta-feira (11) a audiência pública da Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) para discutir os problemas do setor na região sul do estado. “Receber um evento deste porte na nossa Câmara demonstra a importância da articulação entre os poderes na busca de soluções para as demandas da população”, diz o presidente da Câmara, vereador Brás Zagotto (PODE).

Segundo o vereador Marcelinho Fávero (PL), um dos responsáveis pela promoção da audiência na Câmara de Cachoeiro, a participação das autoridades de segurança e de representantes da sociedade civil organizada será reunida em um grande relatório sobre as condições de segurança no sul, que será enviado para as instâncias responsáveis. Segundo ele, a competência do trabalho das forças de segurança é inegável, mas é preciso investir na melhoria estrutural das corporações. “O número de homicídios e crimes contra o patrimônio está diminuindo, mas é preciso aumentar o quantitativo de policiais para que esse trabalho alcance índices ainda melhores”, resume.

A falta de efetivo nas corporações – Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal – foi um tema recorrente nos pronunciamentos dos participantes. Entre vários outros assuntos, também foram mencionadas a redução do número de homicídios e crimes patrimoniais no sul do estado e a necessidade de aumentar o investimento em políticas públicas preventivas, para afastar crianças e jovens das ruas. A audiência foi comandada pelo presidente da Comissão, deputado estadual Delegado Danilo Bahiense (PL).

Condições de trabalho

Além de Cachoeiro, a audiência debateu a situação em Vargem Alta, Mimoso do Sul, Castelo, Muqui e Atílio Vivácqua, com a presença de vereadores, polícias Militar e Civil, Poder Judiciário, outras autoridades e representantes de comunidades. Os deputados Allan Ferreira (PODE), Bruno Resende (União) e Wellington Callegari (PL) também estiveram presentes. Já o deputado Theodorico Ferraço (Progressistas) justificou sua ausência por motivos de saúde.

De janeiro a abril deste ano, foram registrados 16 homicídios contra 21 casos em 2022, no mesmo período, nos seis municípios da região. Também houve redução dos crimes patrimoniais – roubos de veículos e celulares, além de assaltos nas ruas. Para o titular da 7ª Delegacia Regional Cachoeiro de Itapemirim, delegado Rômulo Carvalho Neto, a redução ocorreu graças ao combate ao crime organizado e à vigilância realizada nas ruas.

Representando o Fórum de Cachoeiro, o juiz Bernardo Fajardo Lima afirmou que a Polícia Militar e a Polícia Civil trabalham muito, apesar de todas as dificuldades encontradas para o exercício de suas atividades. Para ele, é preciso que os policiais tenham boa estrutura de trabalho, serviço de inteligência, maior efetivo e bons salários.

O comandante do 3º Comando da Polícia Ostensiva Regional, coronel Fabrício da Silva Martins, afirmou que os 230 policiais que atendem a região trabalham com afinco, mas o aumento de efetivo permitiria que a PM atuasse mais. “Enquanto não existir a sensação de punibilidade, o crime sempre vai compensar. Existe lucro no crime. As crianças deixam a sala de aula para traficar drogas porque estão levando dinheiro para casa”, ponderou, defendendo uma ampla revisão na legislação penal brasileira.

Educação e prevenção

O vereador Léo Cabeça (PDT) chamou atenção para a necessidade de aumentar a oferta de políticas públicas de educação, esporte e lazer para manter as crianças longe do crime. “O trabalho das polícias é fundamental, mas é preciso também realizar um trabalho preventivo e educativo, que ofereça aos nossos jovens oportunidades para uma vida saudável, junto ao seu núcleo familiar e comunidade”, ressaltou.

A importância da educação das crianças também foi destacada pela comandante da Guarda Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, Edinete Modesto Fraga Mendes. Ela apresentou as ações de atendimento às ocorrências nas escolas municipais, o trabalho educativo que vem desenvolvendo para gestores de escolas e porteiros, visando prevenir a violência nas escolas, e também as ações da Ronda de Apoio à Família (Projeto Rafa).