“Não deixem nossos filhos serem esquecidos". Mãe pede inclusão da comunidade Down
A tribuna da Câmara Municipal de Cachoeiro foi palco de um emocionante discurso durante a sessão ordinária desta terça-feira (30). Andréia Barros, mãe de um jovem com síndrome de Down e integrante da Associação Kaxú Down, fez um apelo por mais acolhimento, estrutura e políticas públicas voltadas às pessoas com a síndrome.
Falando em nome de diversas famílias, Andréia destacou as dificuldades enfrentadas desde o nascimento dos filhos, que incluem longas filas de espera por terapias, falta de estrutura adequada no sistema público de saúde e desafios financeiros para manter os atendimentos necessários.
“O SUS, apesar de ser um direito do povo, não consegue atender todas as demandas com a urgência que nossos filhos precisam. A espera pode custar a janela de desenvolvimento, e esse tempo não volta mais. Quem paga esse preço são nossos filhos”, afirmou.
Ela também ressaltou a importância da APAE, instituição onde muitas crianças encontram acolhimento, mas que ainda enfrenta limitações devido à alta demanda e à falta de recursos.
Além dos obstáculos na área da saúde, Andréia chamou atenção para a exclusão social que ainda persiste: “Muitas vezes nossos filhos não são convidados para festas, não têm amigos, não participam das brincadeiras. Crescem com o sentimento de que não pertencem, e isso gera graves consequências emocionais e sociais”, destacou.
Pedido por inclusão na Casa dos Autistas
Um dos pontos centrais da fala foi o pedido para que a comunidade Down também seja contemplada no projeto da Casa dos Autistas, que está em fase de implantação no município.
“Aplaudimos essa iniciativa, mas pedimos que ela não exclua a comunidade Down, que também sofre com a falta de acolhimento. Nossos filhos também precisam de espaços que ofereçam educação especializada, saúde integral, apoio psicossocial e lazer com inclusão verdadeira”, disse.
Andréia reforçou que a inclusão deve ser prioridade e deixou um apelo direto aos vereadores: “Não com discursos vazios, mas com ações concretas. Eles têm direito à saúde, à educação, ao lazer, à dignidade. Não deixem que nossos filhos sejam novamente esquecidos.”
Encerrando sua participação, ela lembrou que a luta por inclusão é um legado que deve ser construído coletivamente: “O que vocês ajudarem a construir hoje pode beneficiar não só nossos filhos, mas também futuras gerações. Essa é a chance de deixar uma marca de empatia, justiça e inclusão verdadeira em nossa cidade.”